O saldo positivo da balança comercial de bens no Brasil dobrou nos dois primeiros meses do ano. As exportações ficaram acima das importações em US$ 7,77 bilhões no acumulado de janeiro e fevereiro deste ano. No mesmo período de 2023, o superávit foi de US$ 3,13 bilhões.
O resultado é explicado pelo aumento dos bens exportados. Nesse intervalo de dois meses o Brasil vendeu o equivalente a US$ 51,1 bilhões. No ano anterior, no mesmo recorte, foram US$ 44,3 bilhões.
As importações também tiveram alta. Saíram de US$ 41,17 bilhões em 2023 para US$ 43,37 bilhões neste ano, no mesmo período de dois meses.
Na agropecuária, por exemplo, o protagonismo no Brasil é na exportação de produtos como soja, café, milho não moído, algodão em bruto, madeira em bruto, frutas e nozes não oleaginosas, etc. Na indústria extrativa, os destaques são óleos brutos de petróleo, minério de ferro e minério de alumínio
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) já havia mostrado um saldo recorde na balança comercial no acumulado de janeiro e fevereiro, em US$ 11,94 bilhões.
Além disso, o Banco Central considera outros dados, como as compras de energia elétrica não captadas pelas estatísticas do MDIC. Outro levantamento adicional é das encomendas postais internacionais.
“Se a gente for considerar só a China, nós aumentamos as exportações neste primeiro bimestre em 49%, muito impulsionado por petróleo, soja e ferro. Além disso, observamos melhora no ciclo de commodities como um todo” cita Keone Kojin, economista da Valor Investimentos.
Dólar
A balança comercial faz parte de um compilado maior do BC: as transações correntes, isto é, a entrada e saída de dólar no país. Essa conta considera também a balança de serviços (como as compras de brasileiros no exterior, incluindo gastos de gastos de turismo, fretes e aluguel de equipamentos, etc.) e a conta da renda primária (como as remessas de lucros e dividendos que as empresas multinacionais, com filial no Brasil, enviam para o exterior).
Tradicionalmente, o país registra déficit (saídas de dólares superiores às entradas) nas transações correntes. Nos doze meses encerrados em fevereiro de 2024 o saldo negativo foi de US$24,7 bilhões ou 1,11% do PIB.
O BC aponta para uma queda significativa em relação ao ano passado, quando o saldo negativo estava em US$52,3 bilhões (2,63% do PIB) no mesmo período.
Investimentos diretos
Já o chamado investimento estrangeiro no Brasil, no acumulado em 12 meses, totalizou US$ 62,0 bilhões ou 2,80% do PIB, até fevereiro de 2024. Em fevereiro de 2023 o acumulado era de US$ 74,8 bilhões ou 3,76% do PIB). O BC verifica, por exemplo, as entradas de recursos ou bens relativos à aquisição e aumento do capital social de empresas residentes.
O cenário global, de incertezas sobre o rumo da economia a partir de conflitos geopolíticos, é uma das explicações apontadas por especialistas para a saída de dólares e queda de investimentos estrangeiros em países emergentes e a concentração de países desenvolvidos, sobretudo EUA.
“A queda do IDP, claro, é preocupante. O Brasil precisa de investimento estrangeiro direto, principalmente em projetos de médio e longo prazo, mas isso tem a ver com a situação global e um certo risco geopolítico global”, Welber Barral, estrategista de comércio exterior do Banco Ouribank ex- secretário de Comércio Exterior.
Fonte: O Sul
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 05/04/2024