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Cerca de 70% das principais exportações da China, incluindo produtos siderúrgicos e automóveis, tiveram preço reduzido ao longo do último ano, fazendo com que as empresas optem cada vez mais por vender o excesso do estoque para outros países a preços mais baixos diante da fraca demanda interna.


Estas “exportações deflacionárias” da China, que representam uma elevada percentagem da produção global, podem aliviar as pressões inflacionárias no comércio — mas também podem causar problemas comerciais e um aumento da concorrência de preços.


As exportações da China em dólares em novembro aumentaram 0,5% em relação ao mesmo período do ano passado, o primeiro aumento em sete meses, segundo dados oficiais. As exportações para os EUA, um importante parceiro comercial, aumentaram pela primeira vez desde julho de 2022.


O valor total das exportações aumentou ligeiramente, mas não a um nível elevado. Um dos motivos é o crescente número de itens com preços em queda. Dos 17 itens cujos preços unitários podem ser calculados a partir de estatísticas comerciais, 71% registram queda no preço unitário em termos anuais. Esta porcentagem começou a aumentar a partir do terceiro trimestre de 2022 e se manteve elevada, na faixa de 70% a 80%, desde maio de 2023.


Os custos de bobinas laminadas a quente de chapas de aço finas, incluindo custos de frete, caíram 14% no leste asiático em relação ao pico recente de março. No geral, os custos dos produtos siderúrgicos caíram 40%, à medida que os estoques na China foram enviados para o exterior, empurrando para baixo os preços na Ásia.


Segundo o Instituto de Ferro e Aço da Tailândia, as importações de produtos siderúrgicos chineses de janeiro a setembro totalizaram 3,49 milhões de toneladas, um aumento de 23% em comparação a igual período de 2022. Devido à enxurrada de produtos chineses, “a capacidade de produção local provavelmente diminuirá no futuro”, disse Pravit Horungruang, CEO da Millcon Steel, uma importante siderúrgica tailandesa.

Os preços mais baixos também elevaram a participação de mercado dos automóveis chineses no exterior. O valor das exportações de automóveis aumentou 28% ao ano em novembro, mas os preços unitários caíram 10%. Os veículos movidos a gasolina — encalhados no mercado interno com a crescente demanda por veículos elétricos cresce — representam a maior parte das exportações, “e são enviados para o Oriente Médio e África a preços baixos”, disse uma fonte do setor de logística.



As quedas dos preços também estão se espalhando a outros setores — os eletrodomésticos, em particular, caíram 10%. A queda nas vendas na China está relacionada com o fraco mercado imobiliário — as vendas de móveis e eletrodomésticos vêm caindo desde fevereiro. A pressão para reduzir os estoques fizeram com que os preços de bolsas e sapatos caíssem 20%.


Além da fraca demanda interna na China, a depreciação do yuan ante ao dólar parece ter estimulado a queda dos preços. Alguns analistas acreditam que as empresas chinesas estão aproveitando o yuan fraco para baixar os preços em dólares e melhorar a competitividade exterior.


A China é responsável por 50% da produção mundial de aço bruto e por mais de 30% da produção automóvel, setor em que uma onda de preços baixos pode ter efeito dominó no mercado global.


“Há a preocupação de que o declínio nos preços das matérias-primas possa pressionar as economias dos países ricos em recursos e o desempenho das empresas de commodities”, disse Toru Nishihama, economista-chefe do Dai-ichi Life Research Institute em Tóquio.



Fonte: Nikkei Report

Seção: Indústria & Economia


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