As commodities estão enfrentando volatilidade nos últimos
meses, reflexo do mal-estar em relação à China. O país enfrenta uma crise em
seu setor imobiliário, que representa uma parcela significativa de sua
economia, impactando os preços de commodities e ações de empresas negociadas na
Bolsa brasileira.
Para melhorar a saúde econômica, o governo chinês tem
anunciado uma série de estímulos, mas, para o mercado, ainda não é suficiente.
Segundo Leandro Manzoni, analista de economia do Investing.com, o setor imobiliário
da China “está estagnado nos últimos anos devido ao alto endividamento das
incorporadoras, com alguns casos de default no mercado de dívidas”.
O esforço para reativar o setor pode impulsionar não apenas
a China, mas também empresas e ações ligadas ao minério de ferro e ao aço.
As expectativas em relação aos novos estímulos fiscais foram
frustradas. Na quinta-feira (17), o contrato futuro de minério de ferro para
novembro, negociado na Bolsa de Cingapura, caiu 5% após o anúncio dos novos
estímulos.
Segundo especialistas, o Ministério das Finanças falhou em
expandir o apoio além do crédito já existente às incorporadoras imobiliárias,
que estão concluindo projetos de construção.
Possibilidade da China não cumprir meta de crescimento
preocupa
Um dos principais pontos de preocupação é a possibilidade de
a China não alcançar sua meta de crescimento anual de 5% do PIB em 2024.
“Os últimos números divulgados nesta semana apontam para
esse cenário, como a inesperada desaceleração no índice de preços ao consumidor
e a deflação maior do que a projetada no índice de preços ao produtor”,
comentou Manzoni.
Especialistas lembram que o governo chinês está ciente das
dificuldades em manter sua meta de crescimento. O economista-chefe da Planner
Investimentos, Ricardo Martins, afirmou que essas dificuldades estão ligadas à
demanda interna, principalmente devido às grandes dificuldades do setor
imobiliário, que sofre com o alto endividamento das províncias e representa 29%
do PIB.
Enquanto as grandes incorporadoras não estiverem
equilibradas financeiramente, os entraves para o crescimento da China devem
persistir, afirmam analistas.
Vale (VALE3) e siderúrgicas já sentem os impactos
Commodities como minério de ferro e aço já sentem os efeitos
da volatilidade causada pelas incertezas na China. “Como a oferta não responde
de imediato a um aumento súbito e forte da demanda [global], a tendência é de
alta nos preços dessas commodities no mercado internacional, impactando as
ações de empresas ligadas ao setor”, disse Manzoni.
Esse é o caso de mineradoras como Vale (VALE3) e CSN
Mineração (CMIN3), além de siderúrgicas como Gerdau (GGBR4), CSN (CSNA3) e
Usiminas (USIM5).
No entanto, o mercado, no que diz respeito à China, enfrenta
volatilidade. Até agora, os anúncios de estímulos fiscais desde o início de
outubro têm levado os preços de algumas commodities a cair.
Mesmo com o mau humor do mercado, analista vê melhora no
país
Apesar dos efeitos negativos das movimentações na China,
Carolina Bohnert, especialista em mercado de capitais e sócia da The Hill
Capital, vê uma melhora no país. “Vejo uma melhora na atividade econômica da
China por diversos motivos. O governo tem implementado políticas de estímulo,
como redução de impostos, aumento de investimentos em infraestrutura e medidas
para impulsionar o consumo interno”, disse Bohnert.
Além disso, a especialista aponta que as tensões entre os
EUA e o governo chinês têm diminuído. Isso pode ser benéfico para o setor de
tecnologia e inteligência artificial no país.
Fonte: BP Money
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 21/10/2024