Com os dados divulgados esta semana, já se conhece a maioria dos indicadores de atividade econômica para o primeiro trimestre de 2024. Alguns dados de inflação vão até o mês de março, enquanto nos demais as informações mais recentes são referentes ao mês de fevereiro.
Em geral, o mercado tem sido surpreendido, até mesmo com resultados na contramão da expectativa. Era esperada queda das vendas do comércio em fevereiro, por exemplo, mas houve alta. Já no caso do indicador de serviços, acreditava-se em um número no território positivo, mas a taxa foi de queda.
Os dados levaram inclusive a revisões para cima das projeções do Produto Interno Bruto (PIB) para 2024, como as do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), do Santander e do Itaú. Ou a colocação de viés positivo na estimativa, como no caso do Bradesco. No Boletim Focus, que reúne as principais instituições financeiras do mercado, as estimativas para o PIB seguem em alta há oito semanas seguidas.
Confira, a seguir, os gráficos que explicam o primeiro trimestre da economia brasileira:
Inflação
Depois de acelerar em fevereiro, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,16% em março, abaixo da mediana de 0,24% das expectativas do mercado, pelo Valor Data. O IPCA é o índice oficial de inflação no país, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) usado como referência para a meta de inflação do governo. No resultado acumulado em 12 meses, fechou em 3,93%, o menor para um período de 12 meses desde junho de 2023 (3,16%).
O resultado geral deu um alívio, mas permanece a cautela com o índice de serviços, que segue acima do IPCA no resultado em 12 meses.
IGP-M
O Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M) é outra das medidas de inflação no país, usada como indexador em contratos financeiros e de locação. Há uma espécie de “descolamento” entre os resultados do IGP-M e do IPCA, por causa da estrutura diferente. O IGP-M é elaborado a partir de coleta de preços em três segmentos: atacado, varejo e construção civil, que representam respectivamente 60%, 30% e 10% do indicador. Por outro lado, o IPCA, como o nome diz, mede os preços ao consumidor, ou seja, no varejo. Diferentemente do IPCA, o IGP-M tem deflação nos 12 meses até março, com recuo de 4,26%. A queda se intensificou desde o início de 2024, já que estava em -3,32% nos 12 meses até janeiro.
Inflação na indústria
A chamada inflação de “porta de fábrica”, sem impostos e fretes, é medida pelo Índice de Preços ao Produtor (IPP), também do IBGE. Em fevereiro, o índice voltou ao campo positivo após três meses de taxas negativas. O movimento foi puxado pelos preços das indústrias extrativas.
No resultado acumulado em 12 meses, registra deflação de 5,16%, explicada principalmente pelas indústrias de transformação com queda de 5,58% dos preços no período.
Indústria
Os dois primeiros meses de 2024 apontam queda da produção industrial – ainda não há dados para março. Os recuos foram de 1,5% em janeiro, ante mês anterior, e de 0,3% em fevereiro. Mas em fevereiro a produção de bens intermediários foi a única das quatro grandes categorias do setor que apresentou queda (-1,2%). Trata-se da categoria com maior peso na indústria brasileira, de quase 60%.
Outro aspecto que também traz alguma ponderação sobre os dois recuos da indústria é o perfil regional do desempenho. Dez dos 15 locais pesquisados pelo IBGE registraram alta em fevereiro, ante janeiro.
Serviços
O resultado de serviços conhecido até agora sobre o primeiro trimestre também deixa a desejar. Houve alta em janeiro (0,5%), mas fevereiro foi de queda (-0,9%), o que o IBGE interpretou como acomodação.
Comércio
O varejo é o grande destaque nos indicadores de atividade econômica do primeiro trimestre até agora. O crescimento foi de 2,8% em janeiro e de 1% em fevereiro, na série que compara com o mês imediatamente anterior. Nos dois meses o desempenho veio muito acima do esperado pelo mercado. E as taxas são muito mais expressivas que as do ano passado.
Mercado de trabalho
O primeiro trimestre é tradicionalmente mais fraco para o mercado de trabalho, por causa da dispensa de trabalhadores que foram contratados de forma temporária no fim do ano. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do trimestre encerrado em fevereiro mostrou aumento da taxa de desemprego e do número de desempregados, mas inferior ao de outros anos.
Fonte: Valor
Seção: Indústria & Economia
Publicação: 15/04/2024